terça-feira, 17 de maio de 2011

Estudantes Conquistam Formação Unificada no CEFD

Estudantes Conquistam Formação Unificada no CEFD

O dia seis de maio de 2011 foi um marco para os estudantes do CEFD/UFSM. A aprovação, em conselho de centro, da proposta de curso de Educação Física unificado, aos moldes da licenciatura ampliada, defendida pelo movimento estudantil, representou uma vitória concreta numa luta que já durava mais de quatro anos. A vitória dos estudantes do CEFD repercute em todo o Brasil.

Desde a década de 1980 que o Movimento Estudantil de Educação Física (MEEF) debate o currículo da área. Sempre sofrendo golpes e vendo as imposições do setor conservador da área através de políticas impositivas e de consenso, o MEEF junto a alguns outros setores da área elaboraram a proposta de licenciatura plena de caráter ampliado como um avanço para a área, rompendo com o dualismo licenciatura/bacharelado, tão necessário ao sistema CONFEF/CREF, que ingere na formação, precarizando o trabalhador e sustentando um exército de reserva para o mercado de trabalho, colocando também estudante contra estudante e trabalhador contra trabalhador.

A luta no CEFD começa a se intensificar desde a paralisação do CEFD por três dias em 2009 (21, 22 e 25 de maio de 2009), onde professores, estudantes e funcionários discutem por três dias as problemáticas dos cursos de graduação. Ao final do espaço, esses três setores, em assembléia geral deliberaram que se instauraria uma Comissão Paritária para dar encaminhamento à Reestruturação Curricular tendo em vista a escolha de unificar os dois cursos existentes.

Através da mobilização dos estudantes, no dia 8 de junho é aprovado em Conselho de Centro o encaminhamento dado na plenária final. A aprovação acontece por unanimidade e com a presença de 80 estudantes que ocupavam o espaço para pressionar que o encaminhamento da plenária fosse seguido. Após esse marco, o embate de projetos de formação de professores deflagra-se em muitas mobilizações, assembléias e atos realizados pelos estudantes de Educação Física. Nesse período o CEFD vira ponta de lança na campanha nacional “Educação Física é uma só. Formação Unificada Já!”, campanha essa que não só fortaleceu o movimento dos estudantes da UFSM como conseguiu expandir a pauta pelo Brasil.

Durante todo o período de 2009 a 2011 a Comissão de Reestruturação Curricular constrói o que se caracteriza como a base teórica do curso de Licenciatura Plena de Caráter Ampliado, ampliando os espaços de discussão aos setores do CEFD e se colocando a discutir do porque unificar e quais as implicações de uma unificação, sofrendo nesse processo várias tentativas de deslegitimação e mesmo de desmantelamento. Porém, no acúmulo de discussões, percebeu-se que os defensores da fragmentação não possuem argumentos consistentes para fundamentarem a falácia que hoje nos é colocada. Sem argumentação passam a jogar estudantes contra estudantes e a se utilizar dos espaços burocráticos para emperrarem as discussões. Porém, a luta estudantil e dos setores progressistas da Educação Física avança em defesa da Licenciatura Ampliada.

Nesse sentido, tendo em vista a necessidade de amplo debate em torno da unificação, é que a Comissão constrói ao final de 2010 um calendário para a discussão da proposta que se daria ao longo de 2011, e que mesmo sendo acatada pelo Conselho de Centro não é posta em prática pela direção do centro. Pelo contrário, esta consegue pautar um encaminhamento contrário: de que os departamentos analisem a proposta internamente e que a votação se dê o mais depressa possível, na tentativa de acabar com esse processo de tentativa de unificação. Entretanto, o que se dá no Conselho de centro é a aprovação por unanimidade da proposta, inclusive com a direção se posicionando de forma contraditória aos discursos da sua campanha no processo eleitoral para direção do CEFD, quando defendia claramente a divisão.

Assim, inicia-se no CEFD/UFSM uma nova luta: assegurar essa vitória histórica e lutar pela implementação desse projeto de formação, que se mostra claramente enquanto uma proposta que serve aos interesses da classe trabalhadora, logo uma contraposição aos ditames do capital. Que essa vitória concreta dê forças para as demais em curso em todo o país, e que mais do que nunca, reafirmemos que a “Educação Física é uma só! Formação Unificada JÁ!!”.

4 comentários:

  1. Aeeeh Galera! como diria Renato Russo "quem acredita sempre alcança" - Fora a lógica de mercado que separou os currículos, Viva a lógica social!!!!!!

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  2. 25/05/2011 16:51
    CONSELHO NÃO PODE LIMITAR ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

    O juiz federal Euler de Almeida Silva Júnior deferiu o pedido formulado pelo Ministério Público Federal, em Ação Civil Pública proposta contra o Conselho Federal de Educação Física e o Conselho Regional de Educação Física da 14ª Região, para suspender, no Estado de Goiás, a prática de atos que possam restringir apenas ao ambiente escolar, o campo de atuação dos profissionais graduados em cursos de Licenciatura em Educação Física.

    Por resolução do Conselho, a cédula de identidade desses profissionais passou a ser emitida com a inscrição “Atuação Educação Básica”, impedindo o profissional graduado em Licenciatura de trabalhar em academias, clubes, parques ou qualquer outro ambiente não escolar.

    O magistrado embasou sua Decisão na lei 9.696/98 que regulamenta o exercício da Profissão de Educação Física, cuja legislação não apresenta distinção entre os profissionais de educação física de cursos de licenciatura ou bacharelado, bem como não delimita as suas áreas de atuação.

    Afirmou: “...para que haja a distinção entre os cursos de licenciatura e bacharelado, a ponto de proibir os profissionais licenciados de atuarem em ambientes não escolares, seria necessário lei federal que disciplinasse a matéria, pois é inadmissível que esta proibição seja feita pela Administração Pública ou Conselho Profissional, tendo em vista o disposto nos artigos 5º, XIII e 22, XVI da Constituição Federal”.

    Concedeu os efeitos de antecipação da tutela para determinar que o Conselho Federal de Educação Física e o Conselho Regional de Educação Física da 14ª Região suspendam, no Estado de Goiás, a prática de atos que possam restringir o campo de atuação dos profissionais graduados em cursos de Licenciatura em Educação Física e emitam as carteiras profissionais sem quaisquer restrições, inclusive a indevida anotação “Atuação Educação Básica”.

    Fonte: SECOS/GO

    Para ver a totalidade da sentença:

    http://sergioamoura.blogspot.com/2011/05/conselho-nao-pode-limitar-atuacao-do.html

    Divulguem!!!

    Saudações,

    Roberto Furtado

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  3. Para que a formação unificada? Procuro não respondê-la sem fazer algumas reflexões, pois estas, partem de um contexto em que vivo e que não o dicotomizo, pois afirmo que sou influenciado e o influencio.
    Primeiramente, percebemo que a maioria dos discursos pela unificação são: "agora, com a divisão, ou você trabalha na escola ou fora dela, antes você poderia atuar nos dois MERCADOS DE TRABALHO"....Deste modo questiono: a formação unificada defende isso? os dois mercados de trabalho? "a licenciatura só pensa na escola, no lado pedagógico"....A formação em Educação Física bacharelado estuda a escola? Deveria estudar?

    Há valiosos e honrosos estudos históricos que buscam a origem da "separação" dos cursos e revelam quais foram os interesses políticos-econômicos, mas, afinal: qual é o interesse político econômico da luta pela unificação? A partir do contexto em que existo e existindo acabo percebendo, é que em nenhuma argumentação, o sujeito para o qual a EDUCAÇÃO FÍSICA É ENSINADA (apesar de que não entendo que o instrutor de academia não tem o objetivo de ensinar)é levado em consideração, pois, me parece que com a formação unificada o processo de conscientização da população, também por meio da Educação Física aconteceria automaticamente, ou seja, basta unificar a Educação Física (formação) e a população a quem ela é proporcionada, se conscientizaria.

    Fala-se, com a separação, que os formandos estão se especializando precocemente, mas afinal: o que é especialização? Com a unificação a formação é para: professor na escola, treinador de alguma modalidade esportiva, personal, preparados físico, animador infantil, etc. etc. etc. Será que, todos aqueles profissionais que se formaram neste tipo de projeto político pedagógico são profissionais com conhecimentos aprofundados para atuarem em todas as áreas antes citadas? TENHO INÚMERAS DÚVIDAS RELACIONAS A ISTO.

    Por fim, o próprio Karl Marx não estudou sobre o processo de desenvolvimento intelectual dos seres humanos que compõem e constroem a sociedade em divisões de classes e mesmo assim, não podemos afirmar que a sua formação foi dicotomizada. A Educação Física na escola possui uma finalidade, a Educação Física fora da escola possui outra finalidade, e as vezes penso que a formação unificada não deixa isso evidente e, pior, os graduandos não entendem essa diferença. Ou alguém vai me falar que na academia, por exemplo, o profissional em Educação Física preocupa-se com a conscientização dos "clientes"? há, na relação entre instrutor de educação física e "cliente" um processo de ensino-aprendizagem? como acontece esse processo?

    PARA QUE A FORMAÇÃO UNIFICADA? Para aqueles que não conseguirem um emprego em academia poderem prestar concurso público para professores da educação básica?

    PARA QUE A FORMAÇÃO UNIFICADA? Para proporcionar os graduandos todos os conhecimentos existentes sobre a Educação Física? mas, como a população participa e ser tornam seres melhores com isso?

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  4. Olá companheiros,

    Sou estudante de Ciências Sociais da UFPR, e a pouco tempo houve a divisão do curso. Estamos promovendo algumas discussões sobre o tema e gostaríamos de saber se vocês possuem algum material de debate para indicar.

    Abraço,

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